quinta-feira, 23 de abril de 2009

O quadro


Toda vez que caminho da cozinha para o meu quarto ou do quarto para a cozinha uma paisagem em azul e branco enche os meus olhos de uma beleza sem igual. Enche meu coração de saudades. Enche minha alma de alegria. E fico cheio de esperança de apreciar aquelas muralhas com meus próprios olhos novamente.

A moldura é simples, num tom palha, para não ofuscar o presente que ganhei dos amados amigos e irmãos de Portugal. E lá, no centro da sala de jantar, numa parede de cor mostarda, estão os legítimos azulejos portugueses, pintados em Sintra, que retratam o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena. Entre tantos lugares e monumentos inesquecíveis, com certeza o milenar Castelo dos Mouros é uma fantástica recordação.

Só que agora preciso aprender a caminhar pela minha casa sem ficar olhando demais para este quadro. É porque senão corro o risco de achar os outros sem graça... Misturando os azulejos que ganhei e as fotos que registrei, penso que tenho material para ver, e chorar de saudade, por um bom tempo.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Doce regresso





Após quase três meses da nossa volta ao Brasil é que consegui sentar para registrar algumas impressões. E é fácil de explicar a razão da correria. Nossa casa estava alugada e só foi desocupada um mês depois que chegamos. Enquanto isso ficamos hospedados na casa dos meus pais. Como perdi meus documentos, precisei correr atrás disso. Em seguida tivemos que fazer alguns pequenos reparos na casa, que acabaram se tornando GRANDES. E até hoje estamos tentando colocar as coisas no lugar. Não é que tenhamos muitos móveis, etc (parte ficou espalhada entre os parentes e nem pedimos de volta...), mas sempre há um esforço para deixar melhor que antes!

Neste período inicial, ainda viajei uma semana para o Mato Grosso do Sul, cinco dias para a Argentina, um fim de semana em Guarulhos. Isso significa que estar ocupado me ajudou a colocar minha cabeça mais no Brasil e começar a encarar a realidade da readaptação. Embora eu e minha família estejamos sendo muito acarinhados, a reintegração é um processo estranho. Primeiro: há pessoas fazendo melhor o que a gente fazia antes de ir para o campo missionário. Segundo: ouvimos que somos importantes, que fizemos falta, mas não parece (rsrsrsrs). Terceiro: encontrar novos espaços, sem ferir ninguém, é o desafio maior.

Posso até enumerar outros desafios: adaptação das crianças na escola nova, os relacionamentos que eles precisam criar, a criação de uma outra cultura financeira (do euro para o real, que parece ser mais fácil), o reestabelecimento de amizades antigas, e mais isso e mais aquilo.

Por outro lado, há o prazer de rever os familiares, de sentir o acolhimento da igreja, do reencontro com os gostos e cheiros da comida brasileira, de estar em casa. Ah, e que alegria ver as árvores que plantei no meu quintal já grandes, oferecendo refrescantes sombras. E é bom também saber que os irmãos de Portugal estão bem, animados e frutificando.

É isso aí, espero ter justificado bem minha demora em escrever e convencido os que se aventuram a ler este blog. De qualquer forma, obrigado pelas orações e pelo interesse em nossa família. Agora, com a casa em ordem, registraremos com regularidade mais alguns pensamentos e experiências. Grande abraço!