sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A solução!

Um envelope feito de um tipo de espuma acetinada, com dobras que imitam as golas e o bolso de uma camisa social. Bem no meio estava colada uma gravata de cor azul cintilante. Assim foi o cartão que recebi do meu caçula no Dia dos Pais. Foi um trabalho que ele fez na comunidade cristã que frequento, uma vez que na escola normal os meninos de 12 anos de idade e os professores parecem não ter mais tempo para essas homenagens. Dentro estava escrita uma mensagem: "Pai, você é a solução dos meus problemas. Te amo!". O toque final foi um coração desenhado, como se ele estivesse assinando o bilhete.

Lembrei da minha responsabilidade como pai e estremeci. Ser o sustentador, o instrutor, o líder da família não é tarefa fácil. Levar os filhos à maturidade emocional e espiritual chega a ser algo assustador. Mas com o presentinho me lembrei de duas coisas bem simples. A primeira é que nossos filhos precisam de nós, e de alguma forma expressam isso. E depois que nós, os pais, precisamos da ajuda de Deus, e a temos: "Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo" (1 Coríntios 11:3). Disto, Jó sabia no seu sofrimento: "Como sabes ajudar ao que não tem força e prestar socorro ao braço que não tem vigor!" (Jó 26:2). É com esse apoio que vamos em frente...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Até o fim

Cheguei para trabalhar dias atrás e encontrei uma carta na caixa de correio. Do lado de fora estava escrito assim: "Leia minha carta com urgência, se você encontrar". Não tinha o remetente. Era um xerox que a pessoa deve ter feito várias cópias para distribuir na região. Comecei a ler e tiver que ir até o fim. Selecionei alguns trechos:

"Aqui é uma mãe desesperada, que escreve para pedir uma ajuda. Tenho três filhos. Eu trabalhava de catar reciclagem. Há um ano atrás eu e minha filha tivemos um grave acidente de carro. Eu fiquei com um problema no meu braço, que tem placa, e por isso eu não consigo pegar nada com ele. E fiquei também com problema na perna. Não tenho marido. Fui despejada da casa que eu morava porque não tive condições de pagar aluguel. Estou morando de favor num quartinho da casa de uma senhora. Coloquei as únicas coisinhas velhas no quintal e a chuva destruiu. E agora estou sem nada. Não tenho para onde ir e sou humilhada todos os dias".

"Eu estou precisando de uma doação de cesta básica e leite em pó, porque a minha filha é cega e doente, só toma esse tipo de leite. Também ela e os irmãos precisam de roupa de frio e meia. Muitas vezes tenho que revirar sacos de lixo da rua para ver se acho alguma coisa para comer. E o menino faz três meses que  tá com vontade de comer ovo, carne, frango. Pelo amor de Deus, ajude essa mãe desesperada. Que Deus te abençoe por ter lido a minha carta".

No rodapé estava o nome e o endereço dela. Esta mulher foi visitada e quem esteve lá me disse que a descrição que ela fez foi amena diante de uma dura realidade. Ela e os filhos receberam alimentos e estão sendo acompanhados e orientados. Inclusive, um desconhecido da família resolveu ceder uma casa digna para morarem!

Ah, podem pensar alguns, atitudes como essas são pequenas diante de tantas necessidades que as pessoas enfrentam hoje... Sim, mas é um começo. E que possamos prosseguir até o fim. Ao dar de comer, de beber, ao hospedar, ao visitar, ao simplesmente ver alguém, é ao próprio Jesus que servimos: "Em verdade vos afirma que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mateus 25:40).

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

E o tempo passa...

Alguém me disse que estava preparando uma homenagem a uma pessoa que passou dos 80 anos de idade e eu brinquei: "Pensei que fosse para mim". A resposta foi que quando eu atingisse aquele incrível número seria a minha vez. "Obviamente não sei se chego lá, só Deus é quem sabe", retruquei. E, para não ficar por baixo, mandei mais uma frase: "O que eu quero é terminar bem, seja com que idade for".

Posso garantir que, embora tenha levado a conversa na brincadeira, já começo a ter esta preocupação com o fim. É uma conversa estranha mesmo... Por isso, resgatei da minha estante um livro que comecei a ler no ano de 2000 e agora, depois de 14 anos, consegui terminar: "Líderes em ação", de George Barna, editora United Press. Não que ele seja ruim ou de difícil compreensão, que mereça uma digestão tão prolongada. É que cada capítulo foi escrito por um autor diferente e vi que alguns passaram sem anotações. Um deles era "O ciclo de vida de um líder", de J. Robert Clinton e Richard W. Clinton.

Eles citam as características de uma pessoa que termina bem:
1. Mantém um relacionamento pessoa vibrante com Deus até o fim;
2. Mantém uma postura de aprendizagem e sabe valorizar os acontecimentos da vida;
3. Dá evidências de um caráter semelhante a Cristo através dos frutos do espírito em sua vida;
4. Vive a verdade de modo que suas convicções e as promessas de Deus se mostram reais;
5. Deixa atrás de si uma ou mais contribuições importantes - isto é, um legado duradouro;
6. Caminha com a crescente consciência de um senso de destino e vê parte, ou todo ele, cumprido.

Mas há barreiras para que isso aconteça:
A. Finanças - seu uso e abuso;
B. Poder - seu abuso;
C. Orgulho desordenado - que leva à queda;
D. Sexo - relacionamentos ilícitos;
E. Família - questões críticas;
F. Estagnação;
G. Ferimentos emocionais e psicológicos.

Então, para aumentar as chances de terminar bem, segundo os autores, é preciso observar:
- uma perspectiva ampla da vida ministerial;
- uma expectativa de renovação;
- a prática da disciplina;
- ter uma postura de aprendizagem;
- estar debaixo de cobertura espiritual e ter pessoas significativas ao seu lado.

Como diria Fiori Gigliotti, inesquecível narrador esportivo, que morreu aos 77 anos: "E o tempo passa..."

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Amor pra recomeçar

Ela viveu trinta anos ao lado de quem amava. Todas as noites ia à casa daquele homem e dava-lhe o que precisava: os remédios, a comida, muita atenção e carinho. Trocavam algumas palavras - nem eram necessárias muitas -, partilhavam um cigarro, assistiam ao jogo de futebol do time preferido dele e se despediam. Ele era um trabalhador sério quando se conheceram e começaram a namorar. Com o tempo o alcoolismo o despedaçou. Depois de uma das convulsões, as ideias em sua mente ficaram embaralhadas para sempre. Foram vários meses de coma e ele sobreviveu ao impacto de sua cabeça no chão. O amor dela foi se fortalecendo ainda mais.

Ela não o abandonou e nem contrariou os pais, que sempre se opuseram ao casamento. Ficou ao lado daquele que, mesmo não podendo corresponder plenamente ao seu afeto, foi o seu escolhido. Quando o pai e a mãe da moça morreram, nada mudou para quem já tinha decidido amar sem ser correspondida.

Mas chegou o dia em que ela se viu obrigada a fazer a pergunta: "O que vou fazer agora todas as noites?". Ele havia partido, subitamente, quando tudo parecia tão bem. Discreta, nem todos sabiam quem era aquela senhorita que não deixou de rodear o caixão, de fitar o amor da sua vida, de lembrar as muitas conversar que tiveram. E, com certeza, das vezes em que não concordaram com algo. Alguém chegou a comentar: "Que exemplo de fidelidade!".

Posso acrescentar: "Que simplicidade, impressionante". Serviu, amou, se entregou e se despediu. Não recebeu herança e muito menos foi aprovada por todos. Muitos não entenderam suas atitudes e, por certo, os agradecimentos ficaram aquém do que ela merecia.

Sabe, tenho certeza que ela continuará distribuindo este amor sincero, transparente, verdadeiro, prático, sem pedir nada em troca, porque isso já faz parte dela. Talvez encaixe aqui o refrão de Amor pra recomeçar, do Frejat:

"Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor pra recomeçar
Pra recomeçar".