quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Quando minha vida começou a mudar

Imagine um garoto de 16 anos, com imensos planos e acabado de ser convocado para a Seleção Brasileira de Futebol, sub-17. Uau, o que poderia ser melhor? Vou contar que o melhor ocorreu alguns meses antes de eu ser chamado para defender o país no Campeonato Mundial, no Canadá (eu não cheguei a viajar, pois fui cortado).

Meu pai era viajante-propagandista de remédios e, por conta da profissão dele, mudamos três vezes de cidade. De Avaré para Ourinhos, de Ourinhos para Botucatu e de Botucatu para Bauru, todas no interior de São Paulo. Saí de Avaré com 11 anos de idade e cheguei a Bauru com 15. Como gostava de jogar futebol, passei numa peneira do Noroeste e ali comecei minha carreira na categoria dentão.

Havia um grupo dos Atletas de Cristo que se reunia semanalmente para estudar a Bíblia e discutir alguns assuntos que eu achava por demais religiosos e insignificantes. Mesmo assim, de vez em quando, eu participava das reuniões, devido à insistência dos meus companheiros de time Sérgio Moralez e do Luiz Novaes. Serginho é hoje empresário de futebol e o Luizinho se tornou num artista da fotografia.

Em fevereiro de 1987, depois de ver frustradas minhas intenções noturnas de me divertir num clube durante o carnaval (meu pai descobriu que eu tinha falsificado uma carteirinha de sócio), fui "aconselhado", para meu próprio bem, a ficar em casa naqueles dias, para não fazer mais asneiras. Concordei, mas logo procurei outra saída. Lembrei-me de um convite para participar de um acampamento cristão. Embora não soubesse bem o que se fazia lá, aceitei, e expliquei ao meu pai que eles deviam passar o tempo rezando, a maior parte em silêncio...

Tudo foi bem diferente do que eu pensava. Pessoas alegres e bonitas (foi aí que conheci minha futura esposa), comida boa, uma maneira divertida de ensinar a Bíblia, jogos, gincanas. Êpa, o que se passa aqui? Pela primeira vez eu ouvia uma mensagem sobre Jesus que me fazia repensar os meus conceitos. Arrependimento, batismo, salvação, Reino de Deus, ser discípulo! O suficiente para eu crer e tomar a decisão de passar pelas águas do batismo. Afinal, a Palavra de Deus se tornara viva para mim. E eu recebi Jesus para, a partir daquela data, Ele ser o Senhor da minha vida.

Voltando ao assunto do futebol, que é verdadeiro, logo depois da minha alegria de saber que tinha a vida eterna, fui convocado para a Seleção Brasileira, dirigida pelo técnico José Teixeira. Na equipe estavam Carlos Germano, Rogério, Bentinho, Paulo Nunes e Assis (irmão do Ronaldinho Gaúcho), que se tornaram mais conhecidos. Ficamos um mês treinando no recém-inaugurado complexo desportivo da CBF, na Granja Comary, em Teresópolis. Mas eu fui cortado do grupo de 18 jogadores que viajou para o Canadá. Infelizmente, a equipe não chegou ao título. Nesta minha decepção, aprendi mais de Deus do que tudo que tinha passado em minha vida.

Depois daqueles dias, minha mãe percebeu em mim diferenças. O menino que ralhava com ela e não colaborava nas atividades de casa agora estava tranquilo, lia a Bíblia e se dispunha até a ajudá-la. Dona Ana chegou a pensar que tinham feito lavagem cerebral no seu primogênito. Um dia, ao pegar carona com um amigo de meu pai, também vendedor-propagandista, ele deu os parabéns a ela pelo seu filho ter se batizado (ele frequentava a igreja). Ele só não sabia que eu tinha ocultado da minha família (errei por isso, reconheço). Pude ver na expressão da minha mãe a indignação. Mas ela se conteve, pelo menos até sairmos do carro.

Para conferir o que realmente se passava comigo, ela e minha irmã Analice começaram ir aos cultos para saber que raio de seita era esta. Uma, duas, três vezes. Gostaram das músicas, das mensagens. Resultado: as duas entenderam o propósito eterno de Deus para as suas vidas e se converteram, mudaram de direção. Minha mãe é uma mulher de oração, cheia de fé e coragem. Minha irmã é uma dentista que ama o Senhor Jesus e serve-O junto com seu marido Márcio Zane e o meu sobrinho Léo, como tutores de uma escola bíblica. Meu pai tem visto as bençãos de Deus na família e creio que logo tomará sua posição ao lado de Cristo.

Na verdade, meu plano era que, quando ficasse velho, iria pensar em Deus e nas Suas coisas. Até lá, teria muito tempo para ganhar dinheiro, alcançar o sucesso, etc. Eu achava lindo o meu avô Alcides, já aposentado, ir praticamente todos os dias à igreja. Entre as heranças que "seo Alziro" deixou estão a simpatia, a gentileza, a alegria de buscar a Deus e a paixão pelo São Paulo (pelo menos é o que me lembro, pois quando ele partiu eu ainda era um menino). Pensava que ao chegar àquela idade faria o mesmo. Engano. Ainda bem. Com 17 anos Cristo chegou à minha vida e eu nunca mais quero sair de perto dele!

Um comentário:

  1. Q testemunho Lindo...fez todo mundo aq em casa chorar.....
    Hj esse homem de Deus e Pastor é um grande exemplo e orgulho pra nós...AMAMOS MUITO VC!!!!!!!!!
    Tia Maria, Tio Du, Aline, Ana Laura, Tio Mingo e Madalena.

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