terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um brinde ao autor da vida, e dos milagres!

Termino 2008 agradecido a Deus, que não só me deu vida física, mas também tem me sustentado espiritualmente. Para mim, seria um tremenda falta de gratidão deixar de registrar que no último dia 17 de outubro fez 5 anos que o Senhor me livrou milagrosamente da morte, mais uma vez. Digo mais uma vez porque sofri sérios acidentes quando criança, mas nenhum deles comparado ao atropelamento por um caminhão.

Foi numa tarde de primavera, quando retornava para casa, de moto, em Bauru, interior de São Paulo. Tenho que esclarecer que nunca gostei de moto, meus pais muito menos e a Cássia também não. Mas quando mudei de casa, precisamos vender um carro para ajudar no pagamento. A opção para não ficar à pé foi comprar a moto, uma Suzuki Intruder 250.
Bem, voltando ao dia fatídico, o motorista não me enxergou e, ao fazer uma conversão à esquerda, me atingiu em cheio. Tentei ainda desviar, mas depois de deslizar no asfalto por uns 5 metros, embati no pneu do caminhão. O impacto foi tão violento que confesso que pensei ter morrido. Aliás, aqueles momentos antes da colisão pareciam intermináveis, a vida correu em slow motion. Abri os olhos e percebi que ainda estava no planeta terra. Não tive coragem de olhar para as minhas pernas, pois não as sentia. E também temi olhar para a barriga e ver talvez algum órgão exposto.

Naquela rua moravam duas médicas que, ao perceberem o movimento, correram para ficar junto de mim. Dois anjos que Deus providenciou. Elas me mantiveram acordado e foram monitorando os meus batimentos cardíacos. A dor era terrível. O Corpo de Bombeiros demorou 40 minutos para chegar.

Depois de 2 horas, entre atendimento de urgência e exames, a cirurgia. O osso da bacia foi quebrado em múltiplos pedaços. Com o impacto, estes ossos cortaram músculos, a bexiga e minha uretra foram rompidas. O osso sacro, na base da coluna, trincou. Os médicos reconstruíram a bexiga, mas preferiram esperar para operar a uretra e colocaram uma sonda para eu eliminar o líquido. A técnica escolhida pelos ortopedistas foi colocar uma armação de ferro nos ossos quebrados, para esperar a calcificação.

Foram 4 meses deitado numa cama, movendo-me o mínimo possível. O quarto dos meus filhos virou uma unidade hospitalar. Um enfermeiro, o super Jair, foi contratado para cuidar diariamente dos meus ferimentos, trocar curativos, lavar-me, etc... (mas eu tive outros enfermeiros da família, ligados 24 horas por dia, como minha irmã Analice, meu cunhado Márcio, a cunhada Lia - que é mesmo enfermeira - , minha mãe, sogra). O fisioterapeuta Antônio Zuiani Júnior também me ajudava a não ficar totalmente inativo. No quarto mês eu fiz a primeira operação para reconstrução da uretra. No quinto, fui autorizado a sentar na cama e a dar alguns passos. No fim do sexto, foram retirados os pinos e voltei a caminhar sozinho, mesmo com a ajuda de muletas.

Tem um episódio aí neste período que foi marcante, quando sentei pela primeira vez na cadeira de rodas. Para eu ir ao médico, tinha que ser numa ambulância, pois era levado de maca. Como minha sogra tinha um plano de saúde numa funerária, o carro, sempre que necessário, aparecia para me apanhar. Os vizinhos logo sabiam que não era caso de morte, e eu fazia a questão de, mesmo na maca, dar uma balançada na cabeça para evitar mal-entendido. Quando retornamos da consulta, ainda na sala de jantar de casa, os dois homens da funerária que me acompanharam neste período me puseram na cadeira e eu, imediatamente, comecei a chorar, emocionado, grato pela excelente recuperação. E quando olhei para eles, também choravam, assim como minha mãe, a Cássia, minha sogra...

Ah, teve um dos ortopedistas que, ao me ver levantar a perna esquerda, mesmo deitado, falou assim: "Seu Deus é mesmo grande". É que pelo planejamento dele, ainda demoraria vários meses para os nervos voltarem a crescer. Olha, foi mesmo milagre atrás de milagre. Peguei inclusive uma infecção hospitalar que chegou ao sangue (bacterimia). Comecei a tremer na cama e não conseguia me controlar. Ninguém sabia direito o que estava acontecendo, deram-me água com açúcar, sal (talvez fosse pressão baixa). E depois foi identificada a infecção. Foram 6 meses ininterrupto de antibióticos.

Na reta final, a luta foi para manter o canal da uretra aberto, pois a reconstrução exigia que quase diariamente eu fizesse dilatações. O meu urologista, Dr. Enidélcio Sartori, me ensinou a aplicar a sonda, para conseguir sair de casa com mais autonomia. Assim, levava sempre os meus apetrechos. Quando queria fazer xixi e não conseguia, a sonda era um alívio benvindo.

Com esta loucura toda, voltei aos meus 69 quilos, peso de quando era um jogador de futebol que tentava chegar ao profissionalismo. Mas saí totalmente diferente, aprendendo a dar valor ao que realmente interessa. E mais dependente de Deus, que é o melhor lugar onde eu posso estar. E quero permanecer assim também em 2009, tendo o prazer de ver meus filhos crescerem e contando com a minha companheira Cássia para os novos desafios.

2 comentários:

  1. Meu amadíssimo irmão,sua vitória tb é nossa,nossas vidas tb nunca mais foram as mesmas,nossa comunhão com Deus,então,nem se fala!!!!Analice e Marcio

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  2. Não dá pra ler sem q as lembranças retornem a memória...e sem deixar q as lágrimas corram...o importante é q isso virou um testemunho de mais um milagre de Deus na vida de vcs...e de todos q acompanharam!!!

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