sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deus das nações

Logo nos primeiros meses que morei em Portugal, no início de 2006, eu fiquei muito angustiado e chorava bastante. Estava desacostumado com o frio, com a cultura... Foi quando tive uma percepção de alguém me dizer: “Você vai me conhecer como o Deus das Nações. Eu vou te mostrar que eu sou o Deus das nações”. A partir daquele momento eu passei a entender que o Reino de Deus é para as pessoas de todas as nações, inclusive Portugal onde eu estava. E era preciso eu anunciar isso.

Na inauguração do salão da CMC Portugal, no bairro Alto de Barronhos, em 25 de março de 2007, logo na abertura da reunião eu escolhi os versículos 8 a 10 dos Salmos 86: “Não há entre os deuses semelhantes a Ti, Senhor, e nada existe que se compare às tuas obras. Todas as nações que fizeste virão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome. Pois tu és grande e operas maravilhas, só tu és Deus”.

Dias depois, tivemos um culto com pessoas de sete nacionalidades diferentes, eu chorei: Brasil, Portugal, Angola, Guiné Bissau, Romênia, Bolívia, Cabo Verde. Na semana seguinte, encontrei um pastor americano, que estava há muitos anos em Portugal. E ele contou que na igreja dele havia pessoas de 17 nacionalidades. Uau!!!! Como está escrito em Isaías 66:18: “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos, venho para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória”

Um texto que tem me impressionado é Gênesis 11: 1-9.

O propósito de Deus foi sempre que a sua glória enchesse toda a terra. Em Gênesis 1:28, depois de criar o homem e a mulher, ele diz: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a, dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”. Portanto, o primeiro casal recebeu a ordem de se multiplicar e encher a TERRA. Não era uma parte da terra, mas toda a terra.

Depois do dilúvio, Deus abençoa Noé e seus filhos, e lhes diz: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra” – Gênesis 9:1. E novamente Deus dá esta orientação, no versículo 7 do mesmo capítulo 9: “Mas sede fecundos e multiplicai-vos, povoai a terra e multiplicai-vos nela”.

Noé morreu e os seus filhos encontraram uma planície na terra de Sinar, que devia ser maravilhosa. A ponto deles decidirem ficar ali, construírem uma torre cujo topo chegasse aos céus, muito alta.

E esta obra tinha duas motivações:

1 – tornar célebre o nome deles – era o mesmo que tomar posse, dizer que não pertencia mais a Deus; significava também registrar o nome na história, ficar famoso

2 – não serem espalhados por toda a terra - pois a partir daquele momento queriam desfrutar do que tinham conquistado, preferiam ficar no ninho, bem acomodados, tranqüilos

Portanto, o que eles planejavam era totalmente contrário ao que Deus tinha ordenado, que era povoar toda a terra. Deus não se agradou do que viu. A trindade santa reagiu, como está no versículo 7: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem do outro”. No versículo 9, o desfecho: “...e dali o Senhor os dispersou por toda a superfície da terra”.

Diante de uma ordenança, ou cumprimos ou desobedecemos. A igreja primitiva viveu o mesmo. Jesus ordenou, em Mateus 28:19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e os ensinando a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

O evangelho que crescia em Jerusalém precisava chegar a todas as nações. Então, levanta-se uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Em Atos 8:2 vemos que “todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria”. Versículo 4: “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra”. Deus permitiu a perseguição para colocar aquela igreja de volta ao propósito correto e ajudar os discípulos a cumprirem o que ele tinha ordenado.

Podemos extrair destes textos que lemos:

1 – não devemos nos acomodar (montar acampamento) – somos forasteiros, peregrinos na terra. Tocar o cume, como queria aquele povo, é um tentação que todos nós enfrentamos. Igreja-clube. Temos que sair da nossa zona de controle para que Deus controle, para que o Espírito Santo possa agir.

Não podemos deixar de lutar diante das dificuldades. Em Números, os 10 espias ficaram amedrontados diante dos gigantes da terra a ser conquistada. Só Josué e Calebe tiveram a visão correta e entraram na terra prometida. Davi enfrentou Golias – é o jeito certo de ver. Não nos acomodemos, temos mais a conquistar.

2 – não caiamos no erro de tentar roubar a glória que é de Deus – a obra é do Senhor, nós somos seus colaboradores. Ele é o Senhor, dono de todas as coisas, nós somos mordomos. Ele tem todo o poder e nos usa como instrumentos nas Suas mãos. Por isso, quanto mais Cristo cresce, mais nós diminuímos, como disse João Batista, que veio preparar o Caminho do Senhor.

3 - não há nada que façamos que Deus não observa – vejamos que no versículo 5 de Gênesis 11, “desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam”. Deus desceu para conferir. Será que é mesmo verdade o que esses aí estão fazendo? Depois de tudo o que eu lhes ensinei? Preciso ir ver pessoalmente!

4 – quando há unidade, quando se fala a mesma língua, ampliam-se os horizontes daquilo que Deus pode fazer através do seu povo – é o próprio Deus quem fala, versículo 6: “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isso é só o começo, agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer”.

Em Jeremias, Deus diz que as nações são como barro nas mãos dele e que Ele pode fazer tudo novo se a nação se arrepender. Capítulo 18, a partir do versículo 1: “Palavra do Senhor que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso que o oleira fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. Então veio a mim a palavra do Senhor. Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor, eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar, destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. E, no momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ele fizer o que é mau perante mim e não der ouvidos à minha voz, então, me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria”.

Como é que uma nação pode se converter do seu mau caminho se ele não for alertada, avisada, se o evangelho do Reino de Deus não for pregado? As nações que se arrependem, Deus as acolhe. Estamos tratando de nações.

Se Deus teve misericórdia de Nínive, uma cidade, levantando um homem como Jonas, há de levantar muitos outros anunciadores das boas-novas, para que outros cidades – grandes, médias, pequenas – se convertam e o país seja abençoado. Brasil, Portugal, a Europa, América do Sul, África. A América do Sul precisa de Cristo, porque é que não atravessamos as fronteiras tão grandes do nosso Brasil?

Creio também que se Deus salvou Jó e suas filhas na destruição de Sodoma e Gomorra, há de salvar muitos outros pelos quais vamos interceder diante de Deus, mesmo que as cidades e os países onde estão estas pessoas estejam corrompidos pelo pecado, pela idolatria, pela violência. Porque Abraão intercedeu, houve livramento. Porque nós intercedemos, porque obedecemos a ordem do ide, porque pregamos o evangelho do Reino há uma chance, uma oportunidade para os perdidos.

Por causa da ressurreição de Jesus, as nações podem voltar de novo a Deus. Isaías 9 mostra que com a chegada do Rei, maravilhoso, conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz, e do seu governo, “a terra que estava aflita não continuará a obscuridade” . “Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali, mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios. O povo que andava em trevas viu luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Tens multiplicado este povo, a alegria lhe aumentaste, alegram-se eles diante de ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando repartem os despojos. Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre eles, a vara que lhes feria os ombros e o cetro do seu opressos, como no dia dos midianitas” (versículos 2 a 4).

Jesus é a verdadeira luz que ilumina todos os homens (João 1:9), é o Cordeiro de Deus que tia os pecados do mundo (1:29), é o Salvador do mundo (João 4:42), é o pão da vida para saciar todos os que têm fome (João 6:35). E nestas passagens, sempre que o texto se refere a mundo, está querendo dizer as pessoas, homens e mulheres. Quando cremos e recebemos este Cristo, nos tornamos filhos de Deus. Há arrependimento e fé, há vida eterna.

E assim, em Cristo, Deus pode cumprir o seu propósito eterno de ter uma família, com muitos filhos, semelhantes a Jesus. E é isso que desejamos, ver a igreja restaurada ao propósito de Deus, abençoando as nações, indo por todo o mundo. E eu quero ser, a cada dia, um discípulo melhor de Jesus, para obedecê-lo e glorificá-lo.

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