quarta-feira, 15 de junho de 2011

O poder do sal

“Porque cada um será salgado com fogo. Bom é o sal; mas se vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros” (Marcos 9:49-50)

O sal (cloreto de sódio, é o nome do composto químico) já era usado nas civilizações mais antigas (Babilônia, Egito, China), contudo, apenas as populações costeiras tinham acesso a ele. Mesmo assim, estavam sujeitas a períodos de escassez, determinados por condições climáticas e por períodos de elevação do nível do mar. Escasso e precioso, o sal era vendido a peso de ouro. Em diversas ocasiões, foi usado como dinheiro. Entre os exemplos históricos mais conhecidos figura o costume romano de pagar em sal parte da remuneração dos soldados, o que deu origem à palavra salário.


Por ser tão valioso, o sal foi alvo de muitas disputas. Roma e Cartago entraram em guerra em 250 a.C. pelo domínio da produção e da distribuição do sal no Mar Adriático e no Mediterrâneo. E após vencer os cartagineses, o exército romano salgou as terras do inimigo, para que se tornassem estéreis. Cerca de 110 a.C., o Imperador chinês Han Wu Di iniciou o monopólio do comércio de sal no país, transformando a "pirataria de sal" em crime sujeito à pena de morte. Ghandi, em 1930, protestou contra o imperialismo britânico quanto ao sal. E os portugueses, depois que dominaram o Brasil, só permitiram que o país produzisse o seu próprio sal depois que a família real mudou-se para o Rio de Janeiro. Ou seja, 308 anos depois do descobrimento.

Hoje sabe-se que a água do mar tem 26 milhões de toneladas de sal por quilômetro cúbico, uma reserva inesgotável. O sal também é encontrado em minas subterrâneas e na superfície terrestre, como resquício de mares evaporados.

Nós somos o sal, disse Jesus, em Mateus 5:13. Mas como é que vamos ter sal em nós mesmos? Vejam a diferença: nós já somos, Jesus declarou. E como vamos ter? É uma chamada para a prática, para olharmos como está sendo a nossa vida. Antes de proclamarmos a Palavra, o evangelho, precisamos vivê-lo em nossas vidas primeiro, para assim revelarmos ao mundo o carácter de Cristo. Podemos fazer esta reflexão a partir do que é o elemento sal e do que a Bíblia fala sobre ele.

Quais são as evidências na nossa vida cristã de que temos sal?

1 – comprometimento com o Reino

Temos uma aliança, um pacto de fidelidade com nosso Rei. Começou quando Deus expressou seu amor por nós através de Jesus. Entendemos o plano de salvação, recebemos a Cristo como Salvador e Senhor das nossas vidas, passamos pelas águas do batismo e recebemos o Espírito Santo. Da parte de Deus temos certeza que ele não mudará, não voltará atrás neste pacto. E da nossa, será que o deixaremos pelo meio do caminho? As circunstâncias nos afastarão do Senhor, da comunhão dos santos?

Um relacionamento passa por fases: conhecimento, confiança, comunhão e se firma através do compromisso, aliança. Por isso, o Antigo Testamento menciona o sal com freqüência. Os judeus ofereciam seus sacrifícios ao Senhor com sal, para que ao ser queimado (e não consumido), recordasse a fidelidade do Senhor e que eles e o Senhor eram um. Por isso o texto de Marcos começa dizendo que “cada um será salgado com fogo”. Nas provas, no calor, o sal suporta. E é até purificado!

Deus fez um pacto com Davi e a Bíblia o chama de “pacto de sal”: “Não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania de Israel, a ele e a seus filhos, por uma aliança de sal?” (2 Crônicas 13:5).

Dizem os estudiosos que era um costume oriental comer sal como garantia de um pacto, de uma aliança. O sal indicava uma amizade perpétua, que não podia ser quebrada, corrompida, que seria preservada. Até o início da industrialização e em diferentes civilizações, o sal na mesa significou prestígio, orgulho, segurança e amizade. A expressão romana para exprimir ser infiel a uma amizade era “trair a promessa e o sal”. Desde aqueles tempos a ausência de um saleiro sobre a mesa representava um presságio, tanto quanto o sal derramado. Ao pintar sua famosa “Santa Ceia” Leonardo da Vinci tratou de colocar diante de Judas um saleiro derramado.

Os textos de Levíticos 2:13 (“Toda oferta dos teus manjares temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal da aliança do teu Deus: em todas as tuas ofertas aplicarás sal”) e Números 18:19 (“…aliança perpétua de sal perante o Senhor é esta, para ti e para tua descendência contigo”) também citam esta aliança. Portanto, o sal significava um pacto que não se podia quebrar.

O sal expressa a fidelidade, o permanecer juntos e unidos. Um bloco de sal, a chuva não consegue dissolver e nem o calor do sol. Permanece inteiro em meio às intempéries por causa da sua coesão. A natureza do nosso Deus é como o sal: Pai, Filho e Espírito Santo juntos, em harmonia. A trindade santa não pode separar-se, porque não faz parte de sua essência. O cloreto de sódio não perde as suas propriedades. Mesmo que diluído, vai exercer suas propriedades sob outra forma, e, se evaporado, volta à sua forma anterior.

A mulher de Jó foi transformada em estátua de sal e não se salvou da destruição de Sodoma e Gomorra porque Deus quis mostrar, para que outros vissem (para que durasse), que Ele cumpre suas promessas, que com Ele não se brinca: “E a mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal” (Gênesis 20:26). Houve incredulidade no coração daquela mulher. No entanto, o marido e as duas filhas se salvaram.

2 – controle do Espírito Santo

Essa é outra evidência de que temos sal. Assim, nossa vida passa a ter sabor, igual quando temperamos uma comida. Há transformação! É preciso equilíbrio na nossa vida cristã. Não podemos ser sem sal e nem salgados demais. Este domínio é o fruto do andar com Deus, do caminhar com o Senhor. É como na comida, se exageramos na comida, temos pressão alta!


As terras com muito sal são estéreis e infrutíferas: “Mas os seus charcos e os seus pântanos não serão feitos saudáveis, serão deixados para o sal” (Ezequiel 47:11); “Todo aquele dia pelejou Abimeleque contra a cidade e a tomou, matou o povo que nela havia, assolou-a e a semeou de sal” (Juízes 9:45).

3 – perseverança na caminhada

É por causa da coesão do sal, da sua resistência, de não perder as propriedades, que é que é possível a função de preservar alimentos por longo tempo. Assim sejamos no nosso andar com Cristo, não desistamos.

O homem pré-histórico obtinha sua dose de sal graças à carne crua de suas caças. Foi a passagem para a agricultura e para uma alimentação à base de grãos que introduziu a necessidade de complemento. O sal teve grande impacto também na história das civilizações: graças ao seu poder de conservar os alimentos facilitou a sobrevivência e a mobilidade das populações. Antes da Idade Média, pescadores holandeses já sabiam salgar o arenque para armazená-lo, tornando o peixe acessível longe do mar e durante o ano inteiro. O bacalhau salgado também é anterior à Idade Média.  

Outro aspecto é a resistência do sal. Os cientistas desenvolveram o raio laser, que é um raio de luz concentrada. É tão poderoso que pode enviar mensagens, ser usado como bisturi para operações cirúrgicas e milhares de outras coisas. No início foi muito difícil encontrar algo que servisse de lente para a luz, porque era tão poderosa que qualquer material era derretido. Finalmente descobriram que o sal comum poderia ser usado como lente porque era resistente à pressão da luz e ao calor do raio laser.

4 – integração no corpo

É a vida na Igreja. Vejam só: o sal é um elemento essencial à vida e indispensável ao funcionamento do organismo, pois participa da condução dos impulsos e comandos nervosos, interligando os neurônios e permitindo o fluir da corrente elétrica nos nossos organismos.

O sal, em porcentagens distintas, também é matéria importante no soro fisiológico (água e sal); e no líquido que irriga as regiões do corpo humano quando submetidas a cirurgia. O sal está presente em 2/3 dos líquidos extra-celulares e mantém o equilíbrio de água entre o interior e o entorno das células. Quando um câncer se desenvolve no corpo é porque algo aconteceu com a solução salina na qual vive a célula.

O sabor do sal estimula a produção de saliva e dos sucos gástricos, essenciais para a digestão, além de auxiliar a absorção de nutrientes e de contribuir no processo digestivo. Carência e excesso de sal provocam desequilíbrios no organismo. A dose necessária a cada indivíduo varia segundo características genéticas, alimentação e tipo de vida, mas situa-se, geralmente, em torno de 5 gramas por dia.

Quando temos sal em nossas vidas, o Corpo de Cristo é abençoado. O caráter do Senhor é conhecido. E temos paz uns com os outros, nos nossos relacionamentos. Mas quando perdemos as características de sal, nos separamos e nos dividimos, ficamos doentes: “Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros” (Marcos 9:50).

5 – evangelismo

Do cloreto de sódio, matéria-prima, saem muitos outros sais. É como se houvesse uma multiplicação. Quando abrimos os nossos lábios, e mesmo com nossa vida, expressamos Jesus, há a oportunidade para que muitos se rendam a eles. Não só um ou dois, mas dezenas, centenas, milhares que terão suas vidas mudadas!

O sal oferece mais de 14.000 aplicações em suas diversas formas, a maior parte delas na indústria química. É empregado na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico, vidro, alumínio, plásticos, têxteis, borracha, hidrogênio e celulose, entre outros itens. O sal também é largamente utilizado in natura na indústria alimentícia, na alimentação humana e animal e na preservação de alimentos. Apenas 5% da quantidade extraída é consumida como sal doméstico.

As propriedades químicas do sal também o tornam útil para muitos trabalhos comuns de reparo e manutenção na casa. É possível usar o sal para fazer gesso. O sal também faz maravilhas para remover a ferrugem e fazer com que as velas novas parem de pingar.

Quando temos sal em nós mesmos, estamos disponíveis nas mãos de Deus para sermos usados, das mais variadas formas! Nosso Deus é criativo.

Reparem que somos “sal DA terra” e não “sal NA terra”. No mesmo texto de Mateus 5:13, em que Jesus diz que somos o sal da terra, ele completa: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. Onde o sal é jogado, se não tiver perdido suas propriedades, se não for insípido, ele causa impacto. Nós somos o sal de Deus para abençoar nossa família, vizinhos, esta nação.

A história que se passou com o profeta Eliseu mostra isso. As águas de Jericó eram amargas, impossível de bebê-las. Mas ele pediu aos seus discípulos um prato com sal: “Então saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele: e disse: Assim diz o Senhor: Tornei saudáveis a estas águas; já não procederá daí morte nem esterelidade” (2 Reis 2:21).

Nós somos o sal da terra. Jesus já nos lançou nesta sociedade corrompida. Já fomos jogados nas águas. Agora precisamos ter este sal em nós, para que o sal funcione com todas as propriedades que Deus planejou! Para o sal salgar, depende de nós. Ter sal depende de nós, os cristãos!

2 comentários:

  1. Que estudo maravilhoso,que Deus continue abençoando o amado irmão, muito forte, deus falou profundo ao meu coração. Sejemos sal, para que outros tenham sede de Jesus.

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  2. O Deus todo poderoso continue iluminando o seu entendimento.

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