sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pão, vinho e Jesus

Tenho pensando nestes dias sobre o privilégio de participar da Ceia do Senhor. E quero deixar aqui algumas considerações. Como cristão, entendo que a única maneira de experimentar a Ceia é com fé. Por isso, adoto uma postura de fé ante um ato espiritual. A linguagem empregada não é simbólica. Come-se espiritualmente e a nova vida é produzida.

A Ceia do Senhor Jesus é um lugar de comunhão espiritual com Ele, que preside a mesa em torno do pão e do vinho. A Sua autoridade precisa ser reconhecida pelos santos que se reúnem em Seu nome. Parece-me que a igreja primitiva partia o pão numa referência à Ceia, que era parte de uma refeição maior. Eles celebravam diariamente a Ceia do Senhor, na medida em que iam se agregando os judeus que se convertiam. É um lugar de ordem não só nos procedimentos, mas principalmente as vidas precisam estar em ordem, com Deus e uns com os outros.


Tenho que dizer o mesmo que disseram Jesus e Paulo e dar lugar à fé de cada um, para que o Espírito se alimente de Cristo, voltando a contemplar a obra de Cristo e dar graças pelo sacrifício. O pão e vinho não mudam de substância, mas muda minha postura, minha mentalidade. É a realidade espiritual que se experimenta pelo caminho da fé. Para o que crê, ao comer o pão, recebe Cristo pela fé, minha alma se alimenta de Jesus.

JESUS – alimento eterno
João 6.35: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”.

É o corpo que participa da Ceia do Senhor. Orar, posso orar sozinho em casa. Mas a Ceia é em conjunto, pois trata-se da comunhão da igreja, de uns com os outros, do Corpo de Cristo. Todos, em conjunto, são partícipes do mesmo Cristo. O partir do pão é em unidade, num ambiente de fé, pois Cristo está presente. Jesus é o pão espiritual, que sacia a fome.

JESUS – cabeça de um corpo que expressa unidade
1 Coríntios 10:16 e 17: “Porventura o cálice da benção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do sangue de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”.

A mesa expressa a unidade do Corpo de Cristo. Portanto, os membros desse corpo, os seus discípulos, são os únicos que têm a faculdade de participar da Ceia do Senhor. Participo do Corpo de Cristo com koinonia (comunhão), no sentido de poder avaliar o que Cristo sofreu. Faço, a cada Ceia, uma declaração pública de vitória sobre o pecado.

Paulo, em Trôade, pregou muitas horas durante o partir do pão, a ponto de um jovem cair de uma janela e morrer. Depois, foi ressuscitado por Paulo. Atos 20: 7: “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo que devia seguir de viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite”. O tempo que Paulo teve para estar com os irmãos, participou da Ceia do Senhor, pregou a Palavra.  A Ceia é bíblica e deve ser celebrada até que Jesus volte, como vemos I Coríntios 11:26: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha”.

JESUS – cordeiro pascal
I Coríntios 5:7 e 8: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois de fato sem fermento. Pois também Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebramos a festa, não como velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia; e, sim, com os asmos da sinceridade e da verdade” .

Cristo, na cruz, é a expressão viva da continuidade da festa judaica. Tirar o fermento é lançar fora o pecado. A Ceia retira o fermento (pecado) que tenho consciência. Retira o fermento velho, porque Cristo - o cordeiro pascal - foi imolado. O problema da Ceia é quando o pecador não arrependido participa dela. Sem arrependimento a Ceia não tem valor, não há renovo. Cristo não peca, sou eu quem peco, e quando isso acontece, Cristo não pode estar comigo.

1 Coríntios 6:15-17: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele”.

Jesus é o cordeiro pascal, que foi imolado. Vemos que Cristo participou com os discípulos da páscoa judaica, em antecipação ao que seria a sua própria entrega e morte (o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo). E é neste contexto que Ele celebra a última Ceia.

Mateus 26:17-19: “No primeiro dia dos pães asmos vieram os discípulos a Jesus e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a páscoa? E ele lhes respondeu: Ide à cidade ter com certo homem, e dizei-lhe: O mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos. E eles fizeram como Jesus lhe ordenara, e prepararam a páscoa”.

Preparar a páscoa significa que eles imolaram o cordeiro conforme a prescrição da lei, que está em Êxodo 12:1-11. O cordeiro da Páscoa era o sacrifício aceitável, que Deus mesmo tinha instituído. Jesus é a páscoa. O cordeiro tinha que ser sem defeito e Cristo cumpriu esta exigência (nunca pecou); precisava ser imolado pela congregação inteira – Cristo foi sacrificado pelos líderes de Israel, de Roma, pela vontade popular e em favor do mundo inteiro; o sangue do cordeiro era o símbolo do sangue do cordeiro de Deus e indicava a proteção divina contra a escravidão do pecado e o castigo – assim, o sangue de Jesus liberta da escravidão de satanás e da punição eterna. O sangue nas ombreiras das portas livrou os primogênitos de Israel da morte por causa da décima praga do Egito. Para mim, hoje, significa que o anjo da morte passou sem me tocar e que a morte eterna não me alcançará.

JESUS – reconciliação e perdão
Mateus 5:23-24: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”.

Por isso, o altar - que hoje é a cruz -, transfiro-o para a Ceia. Neste altar é que deve haver reconciliação. Não podem participar deste altar os que estão errados contra irmãos, até que a alma esteja curada. Depois da reconciliação posso ir ao altar. Altar significa perdão. Sangue significa perdão.

JESUS – presença real
Lucas 24:30 e 31: “ E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o, e, tendo-o partido, lhes deu; então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu na presença deles”.

O partir do pão é a própria presença de Jesus. Depois que Jesus ressuscitou, dois discípulos andaram e falaram com ele pelo caminho de Emaús, mas não o reconheceram. Só quando partiram o pão é que perceberam quem estava com eles. Sem Cristo à cabeça da mesa, não há comunhão.

Por isso é que Paulo, em 1 Coríntios 10:20 a 22, faz a advertência contra qualquer tipo de hipocrisia, religiosidade, viver de aparências: “Antes digo que as cousas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam, e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele?”. Se tenho ídolos em minha vida (algo está na frente de Cristo), se estou em pecado, é melhor acertar. Se tomo a ceia indignamente, sem discernir o corpo, trago o juízo de Deus sobre mim: “Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (1 Coríntios 11:30).

Em I Coríntios 11:23-26, há 3 atos importantes da Ceia do Senhor:

1 – em memória – não é memorial, recordação, homenagem ao que morreu. Em memória significa em seu nome, em sua pessoa. A reunião é em torno a Jesus, que convoca Seus discípulos à mesa e preside este momento. Em memória de alguém que está vivo.

2 – anunciar a morte até que Ele venha - tem que haver palavra, proclamação de Cristo Jesus, que morreu mas está vivo.

3 – dar graças – gratidão e louvor ao Senhor.

Naquela última ceia, Jesus fez um pacto com seus discípulos. Jesus sabia que para fazer essa aliança tinha que entregar tudo. Quando tomou o pão, partiu-o dizendo, "isto é o meu corpo, que é partido por vós". Estava consciente de que tinha de entregar tudo.

Quando tomou o cálice e disse: "Este é o cálice da nova aliança de meu sangue". Significava que o custo para ele era tudo. "Bebei dele todos". E os discípulos tomaram o pão e comeram com a convicção que estavam entrando em um pacto com Jesus.

Ao tomar a Ceia, significa que, daí para a frente, sou um com Jesus. Tudo o que temos é dele e tudo o que Ele tem é meu. Como Jesus deu a sua vida por mim e pelo mundo todo, para cumprir sua missão de salvar os pecadores, os discípulos compreendiam que eles também, como Jesus, tinham que consagrar as suas vidas para unirem-se à missão de Jesus. Cada vez que como e bebo dela renovo meu pacto com Jesus.

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