quinta-feira, 19 de maio de 2011

Os deuses e suas ruínas

Em Évora, no centro histórico da cidade - classificado como Patrimônio Mundial pela Unesco -, está o maior símbolo da presença romana em território português. O templo romano foi construído no século 1 d.C., em homenagem ao imperador Augusto, que era venerado como um deus. Durante a invasão germânica, no século V, o templo foi destruído e suas ruínas são os únicos vestígios do fórum romano na cidade. Ao lado do templo estão hoje a Sé de Évora, o Tribunal da Inquisição, a igreja, o convento de Lóios, a biblioteca púlica e o museu.

Acontece que o lugar também foi chamado de templo de Diana, por causa da associação à deusa romana da caça. O jesuíta Manuel Fialho escreveu no seu livro "Évora Ilustrada", no final do século XVII, que a fundação do templo não se deveu aos romanos, mas ao chefe dos lusitanos, Sertório, um devoto da deusa romana e que seria assassinado pelos romanos no ano de 72 a.C. A lenda permanece até hoje.

A Bíblia também registra um templo dedicado à Diana, em Éfeso, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, pela sua suntuosidade. Um local de adoração, magia e feitiçaria. Havia um comércio intenso de objetos relacionados à deusa, que começou a entrar em decadência quando o apóstolo Paulo permaneceu na cidade por três anos, fundando a igreja naquela cidade da Ásia.

"Por esse tempo, houve grande alvoroço acerca do Caminho. Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios!" (Atos 19:23-28).

Pois é, dos templos em Évora e em Éfeso só restam mesmo as ruínas. Parece que a "grande deusa" não conseguiu manter sua majestade. Mas as convivcções de Paulo em nada mudaram, a ponto dele dizer aos presbíteros de Éfeso, quando estava em Mileto: "Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]" (Atos 20:18-21).




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