domingo, 26 de fevereiro de 2012

Abaixo a tirania do telelé

Dificilmente esqueço meu celular em casa, mas naquela manhã eu o deixei sobre a mesa da sala de jantar. Foi neste período que recebi duas chamadas. O homem que consertava a bicicleta do meu filho queria minha autorização para colocar algumas peças extras. Ao chegar em casa, vi as ligações, mas preferi não retornar porque à tarde, conforme combinado, eu iria buscar a bike.

Ao chegar na loja, o funcionário foi logo perguntando: "Então você é o Marcus?". Respondi positivamente, e ele emendou: "E o senhor não atende o celular?". Tentei justificar que tinha esquecido o aparelho em casa, que não retornei porque logo iria à bibicletaria, que pensei que as ligações eram para avisar que estava tudo ok... Mas o homem seguiu me fuzilando com os olhos e acrescentou: "Precisa atender o celular".

Fiquei um tanto pasmo com a repreensão, logo eu que ando com o tal sempre grudado. Parecia que eu tinha cometido um crime gravíssimo. Fui julgado e condenado em poucos segundos. É a tirania do celular. Você tem que estar disponível sempre só porque tem um telemóvel (como dizem os portugueses), ou um telelé, como aprendi na terrinha, pois é de deixar qualquer um maluco.

Tal é a imposição para manter-se ligado que nem quando as pessoas estão dirigindo elas largam do celular. Embora seja proibido falar no telefone móvel, os motoristas sempre querem dar um jeitinho, aumentando os riscos de acidentes. Enfim, parece que viramos escravos do celular. É ele quem dita o ritmo do dia. E quando, mesmo sem querer, ficamos livres deste sistema, alguém nos lembra: "O senhor não atende o celular?".

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