terça-feira, 17 de abril de 2012

Precisamos também de beques

"Qual a sua posição?", perguntou para o meu filho mais novo o professor da escolinha de futebol. "Zagueiro", respondeu. O homem olhou bem para ele, depois virou para mim, que estava ao lado, e emendou: "Zagueiro?". É que todos os garotos que vão treinar querem ser atacantes, goleadores, matadores. Tenho que admitir que também fiquei surpreso com a resposta dele. Um beque, becão.

Temos no Brasil a cultura de que só vira zagueiro quem não tem muita habilidade para fazer gols, ou é bem grandão e desajeitado, ou não entende bem de futebol. Se não der para a zaga, a última tentativa é no gol. Mas convenhamos que é uma grande besteira. O nosso País precisa sim de excelentes defensores. Afinal, que eu saiba, o futebol ainda é um esporte coletivo.

Esta semana, o meu craque trouxe um papel com o horário e dia de uma "peneira", que é um teste para selecionar jogadores. E ele disse assim: "Não quero fazer, é muito cedo ainda". Gostei. A prática esportiva para esta garotada de 10, 11, 12 anos, tem que ser educativa, e não já pensando no dinheiro que pode ser arrecadado se a criança virar um atleta profissional de talento.

Quando eu tinha uns 14 anos, jogava no Noroeste, de Bauru, e fomos fazer um amistoso contra o São Paulo, no centro de treinamento da Barra Funda, que estava começando a ser construído. Foi uma partida normal, acho até que não fui muito bem. Estava no ônibus quando entrou um dos treinadores do Tricolor, o seo "Geraldo", perguntando quem era o Careca, meu apelido. Ao me apresentar, ele perguntou se eu não queria ficar treinando no São Paulo. Respondi que não, pois estava estudando em Bauru e não queria sair da minha cidade. Decisão difícil, talvez impensável para um zagueiro mirradinho como eu. Não me arrependo, de forma alguma. Quem sabe o craque da zaga na minha família ainda está por vir!

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