quarta-feira, 7 de março de 2012

"Depois do ide"

Tenho acompanhado algumas pessoas próximas que estão voltando para casa depois de viverem alguns anos no Exterior. A crise financeira na Europa tem cuspido brasileiros para o outro lado do oceano com a mesma frequência que bebemos água para matar a sede. Posso afirmar que voltar para o país de origem é mais complicado do que se adaptar lá fora. A maioria não entende o que se passa e demonstra grande frustração no retorno.

O caderno Equilíbrio, da Folha de São Paulo (06/03/12), dá o nome de "Síndrome da volta pra casa" a este processo (Brasileiros sofrem síndrome do regresso). Em resumo, "a adaptação em um país diferente acontece em cerca de seis meses. Já a readaptação em seu país de origem leva até dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa.

A empolgação e o entusiasmo ao estarmos num local diferente escondem nossas angústias pelo desconhecido. É assim que vamos nos aculturando. Na minha experiência, só depois de um ano, no mínimo, é que começamos a fazer comparações com o que tínhamos na terra natal. É o chamado "choque cultural", muito necessário para assentar a adaptação, pois nos conscientiza da realidade que enfrentamos.

Na volta para casa tudo fica mais complicado, pois precisamos nos readaptar a um contexto que já funciona bem sem a nossa presença e participação. Os espaços que deixamos na partida não existem mais e precisamos criar novas maneiras de servir sem melindrar aquelas pessoas que deram certo. Um verdadeiro jogo de xadrez.

Tem um livro muito bom sobre a preparação do missionário, escrito por Joed Venturini de Souza - que conheci em Portugal - , chamado "Antes do Ide" (editora Juerp, lançado em 2004) . O material tem despertado em mim o interesse de entrevistar várias pessoas que retornaram ao Brasil, depois de morarem fora do País, e publicar as impressões delas, que juntarei com a experiência da minha família. Já tenho o título, que ninguém mais pode copiar: "Depois do ide!".

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