quarta-feira, 14 de março de 2012

Economia é com a Porcina

Gostava de tomar leite no curral, fresquinho, tirado diretamente das tetas das vacas. Meu avô Anísio, pai de minha mãe, pedia ao capataz para fazer a ordenha num copinho que já tinha chocolate dentro e pronto, estava feito um milkshake maravilhoso logo cedo. Ah, eu tinha que acordar bem cedinho, mesmo em férias, senão perdia o espetáculo.

Um dia, meu vô mandou prender os bezerros e me chamou. Era minha formatura do primeiro grau e ele queria me presentear. Escolhi um, na verdade uma, a qual dei o nome de Porcina, porque era a época daquela novela "Roque Santeiro". O combinado era que os bezerrinhos que nascessem da Porcina seriam meus, e ainda faziam parte do presente não pagar o pasto e ficar livre de outros gastos com rações, vacinas, etc. Um grande negócio.

Mal sabia que meu avô estava me ensinando economia, o que é poupar. Quando estava pensando em me casar, veio logo aquela pressão pela festa. Como nenhum dos pais tinha condições de ajudar e as famílias eram grandes, ou melhor, enormes, tive a ideia de vender a Porcina e mais suas crias, que não me lembro agora quantas, o que nos rendeu parte do dinheiro para as despesas. Infelizmente, meu avô já tinha partido, após um enfarte fulminante. Mas ele conseguiu ir à minha cerimônia de formatura da oitava série, ainda quando minha família morava em Botucatu.

Hoje, meus filhos recebem um pequeno valor mensal para suas despesas pessoais e também para que aprendam a poupar. Mas é uma luta, porque são atraídos pelos apelos comerciais e querem gastar logo, não aguentam segurar o dinheirinho. Procuro ensiná-os a planejar os gastos, a ver o que é mais importante, a não entrar em competição com os amiguinhos. O sábio Salomão nos ensina isso: "Quem é negligente na sua obra já é irmão do desperdiçador" (Provérbios 18:9); "Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato os desperdiça" (Provérbios 21:20).

Procuro orientar meus meninos para que não se tornem como estes jovens encantados com celulares modernosos, com tablets cheios de frescuras, com joguinhos fantásticos, computadores de última geração. Que investem toda a grana nestas coisas que logo ficam ultrapassadas e não pensam nos dias que virão, em suas próprias necessidades. Viver dentro do orçamento, com o que Deus tem dado, é o que o apóstolo Paulo ensina, por experiência própria: "Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses 4:10-13).

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